quarta-feira, 6 de maio de 2015

O Poder do Mito no Sagrado

Albinoni in G Minor para ouvir durante a postagem



Um dia, o poeta Marcelo Ariel, um profeta contemporâneo. Disse-me assim:
- Tatiana, o Entusiasmo nunca se repete!
Nesse momento, no grau de evolução que me encontrava, não conseguia encontrar o significado real dessa frase.
No meu processo de autoconhecimento, precisei compreender que é preciso muitas vezes estar só, no silêncio, para ativar os dispositivos da nossa criatividade.
Os profundamente sós, estão imersos no mundo.
Essa frase também é dele...
Quando compreendi que tinha que me libertar das opressões do mundo, dos “VOCE DEVE”, isso, ou aquilo, minha dança flui naturalmente.
Na busca de encontrar o Bem-estar o prazer, o teos, enfim o entusiasmo.Que encontrei a verdadeira alegria, foi no meu silêncio, que encontrei a perfeita harmonia do meu poder de criação. 
Coletivo Garage estágio Criança

A nossa criatividade necessita desse momento, talvez seja por isso que os artistas sejam tão solitários e incompreendidos.
A vida de um artista é feita de PROVAÇÂO
E A Provação, é o sacrifício do EGO.
Quando abandonei o VOCE DEVE, matei o dragão da opressão, do julgamento e evoluí para o estágio de criança.
Voltar a ser criança, eis o caminho.
Isso não quer dizer que tenha que ser infantil.
Aliás, a inocência de uma criança, é uma das coisas mais belas que há.
A partir daí, minha intuição se aguçou, fiquei mais sagaz, perceptiva a tudo, a todos os gestos, momentos, e só assim pude perceber que tudo É Sagrado.
Que não se exige estar em lugares sagrados, para sentir o Sagrado, a divindade esta em tudo:
Num céu aberto
Numa criança num balanço
Numa idosa escolhendo frutas
Em simples fatos do cotidiano.
O sagrado transcende a religião, o sectarismo, e até a fé.
Porque mesmo um ateu, é capaz, de sentir a dádiva de deus, mesmo um ateu, se sacrifica pelo outro, Pelo outro ser, como lá dentro, ele sabe que todos somos um.
Improviso  Performance Sagrado
O improviso partiu daí, o entusiasmo nunca se repete como repetir mil vezes a mesma coreografia, se o tempo não para, e cada segundo é único, é uma dádiva.
Estamos coincidentemente no mês de maio, da deusa Maia, mas mulheres são deusas, Maia era na mitologia a deusa da fertilidade. Antes de deusas, musas, fadas, somos filhas, somos mães, somos mulheres, temos um corpo vivo. Somos filhas de Eva, que comeu do fruto da dualidade, cometemos falhas, somos humanas, demasiadamente humanas.
E é o corpo que tem uma alma.
Elas dançam, porque não sabem cantar, ou escrever, dança para transformar tudo em imagem, o movimento, o desenho, a pintura, a imagem, jamais é esquecida.
Nada foi ensaiado, só algumas marcações, tudo flui de uma harmonia do momento.
Tatiana Justel e Adriana Barbieri
bailarinas e performers do Garage
Dançamos a Vida!
Celebramos a Vida!
Com água, luz, Fogo, Vinho, e o ar que sopra dos nossos pulmões.
O Sopro da vida.
Dançamos a vida e a morte,
Porque temos que morrer muitas vezes, para renascermos.
Essa maturidade, nos liberta, e permitir dançar com entusiasmo, a vida.
Dançamos sem perder o contato, somos uma unidade.
Separadas por dois corpos.
Nas escrituras sagradas, o vinho representa o sangue de Cristo. O pão, a Santa Ceia, é a comunhão, a Eucaristia, significa: Gratidão.
Dançamos pra Ele.
Vivemos pra Ele.
A vida foi desejada, organizada, planejada por uma inteligência metafísica, só podemos sentir. Mas todas as respostas estão em nós.
Após a dança do vinho, Vamos para o sacrifício, assim como Jesus dançou em círculos, entoou hinos, comeu, bebeu, antes de ser sacrificado,
Nós dançamos, antes de morrer.
Devemos morrer, para renascer,
Esse é o caminho.
O Lava – pés
Performance Lava-pés Tatiana Justel e Costa Villar
atrás a Santa Ceia representada pelos Peixes de Villar.

Costa Villar e a Santa Ceia
Assistia ao filme de Renoir, em um momento da cena, Renoir lavava os pés da sua modelo, um ato simples, que me fez lembrar Maria Madalena, e mesmo Jesus que lavou os pés de seus discípulos.
É humildade, adoração, fidelidade, amor.
Esse movimento performático é simples, um movimento do cotidiano, que se torna sacro, a partir da fé.
Em todos os momentos, podemos encontrar dispositivos disponíveis para despertá-lo da fé, para podermos sacralizar todas as coisas terrenas.
A Água é o símbolo do batismo. Também é sagrada
É a lágrima de Deus.
O Arco-Íris também, representado pelas cores, também é Sagrado.
Quando disse Deus:
As Cores , O Arco-Íris Sagrado
Trabalho de Olegário Monteiro
Nunca mais iriei destruir o mundo em dilúvio,
Eis o Sol, para que se lembre de mim, O Sagrado!
O Fogo também é sagrado, porque é a luz.
O Sacerdote, ou Bispo, ou Papa, na performance tem o desempenho de direcionar as mulheres ao Sagrado.
A Vida e a Morte.
Por que as duas caminham juntas.
Olegário Monteiro representando o Sacerdote
Utilizo-me de um clichê:
“(...) Não danço para viver, danço para vida não sair de mim (...)”.
O Propósito é dançar a vida.
O sagrado nunca deixará de ser contemporâneo.
Está em tudo
Em nossos pensamentos
No silencio
No Grito
Nos nossos atos
Nos nossos gestos
Mais sutis

Minhas referências:
Joseph Cambpell  - " O Poder do Mito"
Nietzsche -   "Você Deve"
Schopenhauer - " Os fundamentos da Moralidade"

Nos artistas:  Leonardo Da Vinci, à Caravaggio, Goya, Matisse, Picasso, Basquiat, Bispo do Rosário etc
Costa, Olegário, Ariel, Adriana,Bettioll e José Manuel.

E Deus
Deus Vivo
Do amor.
Da fé.
Do Sagrado.
Deus, que criou o céu e a terra e disse:
Todos somos um.
Irmão de cores .
Obra de Claudinei Bettiol
artista convidado
Á José Manuel de Souza Neto (In memoriam)
artista plástico, historiador, mestre do Coletivo Garage de Arte.
Obra de José Manuel de Souza Neto

A ARTE DEVE , ATRAVES DO OBJETO, REVELAR O RESPLENDOR. QUANDO VIMOS UMA OBRA DE ARTE, SENTIMOS:

ISSO FALA COM A NOSSA PRÓPRIA VIDA.

Texto: Tatiana Justel

Foto: Fabiano ignácio, Laurival Camargo, Lairton Carvalho, Anak Albuquerque.
Muito obrigada.



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