sexta-feira, 26 de julho de 2013

O BALLET CARMEN SOB OS OLHOS DE ROLAND PETIT E SUA MUSA ALESSANDRA FERRI.




Roland Petit


 O coreógrafo e sua musa Alessandra Ferri



 Em cena "Ferri"  com Carmen

Roland Petit, esse grande coreógrafo e bailarino, morreu em 2011, foi criador de grandes ballets, revolucionou a Ópera de Paris, era corajoso porque quebrar o repertório de grandes ballets e imprimir sua marca,mais moderna, mais próxima da nossa realidade não é fácil, mas isso o  fez ser o coreógrafo número um da Ópera, reconhecido mundialmente. 
Em 2006, eu estava em Paris,e meu querido Paul me surpreendeu com esse espetáculo na Ópera,foi um presente , foi apoteótico , para uma bailarina que saiu daqui do "Bronx" da Vila Mathias, estar ali diante de um dos ballets mais lindos e reconhecidos mundialmente,é o cimo.
Chorava como criança e só agradecia por estar ali.
Assistimos três peças: Romeu e Juieta, Le Jeune Homme et la mort e por fim.... Carmen. 
Carmen de Roland Petit é o ballet mais técnico, limpo, é de altíssimo nível , é "O Espetáculo".Eu observava os franceses quadrados e frios , emocionadíssimos, empolgados, eu podia vê-los levantando e dançando juntos.
A orquestra impecável tocando Bizet.
A bailarina Alessandra Ferri que faz Carmen, é de carne e osso, mas deve ter feito pacto como um desses deuses da dança, com 44 anos essa mulher  dançou com uma vitalidade inexplicável, os anos só a deixaram melhor, ninguém consegue desprender os olhos dela, uma boneca, seu corpo é  esculpido pelo ballet, técnica absoluta,  parece que o Ballet Carmen foi  encomendado para ela. Ela encanta, ela chega à platéia com uma força que deixa a todos extasiados.
 Então resolvi colocar o teaser do ensaio de  Carmen com Alessandra Ferri e Laurent Hilaire , porque adoro os ensaios,e acredito de verdade que , às vezes saem melhor que o espetáculo. Coisas de bailarina.
 Para homenagear essa grande bailarina que se aposentou em 2010, que já é com certeza a melhor  Carmen de todos os tempos.
Alessandra Ferri e Laurent Hilarie .Carmen -Roland Petit.




au revoir et a bientot
Tatiana Justel


segunda-feira, 22 de julho de 2013

MOACIR- ARTE BRUTA.

Dónde canta mejor un pajaro?
-Un pàjaro canta mejor en una jaula del tamaño del planeta.
-Pero para un pájaro la jaula puede ser el planeta.

-El planeta es la jaula donde todos vivimos juntos sintièndonos libres.
(Jodorowski)







Livre mesmo é MOACIR SOARES DE FARIAS, livre e ao mesmo tempo preso no seu mundo isolado, povoado apenas pela sua arte .
Moacir vive em Alto Paraíso, porta de entrada para Chapada dos Veadeiros, interior de GOIÁS. 
Ganhou tanta popularidade na comunidade da Chapada, que  quando querem chamar alguém de louco, chamam por Moacir.
Para sua comunidade ele era somente um louco.

Nem mesmo sua família o compreendia, tinham uma vida miserável, tiravam o sustento do garimpo. Junto com sete irmãos, Moacir o único artista,era  rejeitado, isolado, e dado como esquizofrênico.




Parece que a estória sempre se repete, algum nome de peso está à  turismo por ali conhece Moacir e pronto, já pretendem tirá-lo do seu ostracismo e colocá-lo nos círculos sociais,eu já vi essa estória!!! Na maioria das vezes não dá certo.
A modernidade foi chegando ali naquele pedaço da chapada, apareceram vários convites, depois de ter sua arte execrada, oprimida pela política, apagada e censurada, Moacir conhece o computador,e à partir daí começa a manipular pinturas e desenhos pelo computador também.



Olhares enviesados, os puritanos se chocam com Moacir e com a sua arte. Pelos temas que misturam: religião, sexo, homens, animais, flores , plantas, anjos e demônios, preenchidos por uma luz pura e forte, com cores primárias que surgem do seu mundo .
 Sua arte só foi reconhecida em meados de 1990, na Chapada dos Veadeiros, Goias.


O Filme


Walter carvalho afirma: "...Mesmo com sua psique alterada ele é um artista que soube se inserir no contexto da modernidade..."
Walter Carvalho homenageia o artista em um curta-metragem intitulado:
 " Moacir- Arte Bruta" (2006).

Walter dialoga com este “enxergar diferente”. Registra o artista em casa, desenhando sem parar, por sete dias, e escala os próprios familiares e vizinhos, que o conhecem desde pequeno, para traçarem um painel da sua vida e obra.



”A compreensão dele, eu não tenho. E a compreensão que eu tenho, ele não tem”, esclarece com simplicidade Domingos Soares de Farias, pai de Moacir, e um dos principais contrapontos do objeto do filme. Como Moacir, a maioria dos entrevistados fala num dialeto próprio, com palavras e expressões de um Brasil esquecido, não oficial, porém forte e representativo.
A solução encontrada por Walter coloca Moacir e seus pares quase em situações equivalentes. Onde não interessa muito identificar onde está ou não a normalidade. Onde começa ou termina a realidade em que ele se insere.



Como não posso compará-lo ou ao menos pensar em Chico da Silva, o índio que  era pichador considerado o pai das pichações  e como Moacir, também foi excluído por sua loucura, e oque pensar sobre Arthur Bispo do Rosário? Meu Deus, cuja criatividade está bem próxima da divindade, e também é considerado louco, esquizofrênico.
Anjos ou gênios? Loucos ou somente incompreendidos? 
Para a ARTE não há respostas... afinal:
"Temos a arte para não morrer da verdade" (Friedrich Nietzsche)


au revoir et a bientôt
Tatiana Justel

domingo, 21 de julho de 2013

Cartas de Van Gogh para Theo.

qualquer  um  pode
ouvir a voz da luz do Sol
 dentro da  noite estrelada
recortar do mundo
apenas a cor necessária
que inclui o verbo
total
amar
elo
qualquer  um
pode converter
a própria solidão em um Sol
que aquece
apenas o espírito
M.A


Separei hoje uma das cartas de Van Gogh paraTheo . Gosto desse período em que Vicent se encontra em Auvers,parece que ai ele encontra alguns momentos de refrigério que irão anteceder sua prematura morte.



Para Theo van Gogh. Auvers- sur- Oise, quarta-feira,23 de julho de 1890.


Meu querido irmão,
Obrigado por sua carta gentil e pela a nota de 50 francos que continha.
Eu realmente gostaria de escrever para você sobre muitas coisas, mas eu sinto a inutilidade do mesmo.
Espero que você vai ter encontrado esses senhores favoráveis à você. Você não precisa me  tranquilizar quanto ao estado de paz do seu agregado familiar. Eu acredito que eu vi o bom, tanto quanto o outro lado. E, além disso, estou muito de acordo que criar uma criança no quarto andar de um  apartamento é de  difícil trabalho, tanto para você como para Jo . Desde que está indo bem, que é a principal coisa, eu deveria ir sobre coisas de menor importância?Minha palavra, provavelmente há um longo caminho a percorrer antes de que há uma chance de falar de negócios com as mentes mais descansadas . Essa é a única coisa que posso dizer no momento, e que, de minha parte eu percebi que com um certo horror, eu ainda não escondo, mas isso é realmente tudo. 
Os outros pintores, o que pensa sobre isso,é instintivamente manter distância de discussões sobre o comércio atual. Ah, bem, realmente só podemos fazer as nossas pinturas falar.
Mas, no entanto, meu querido irmão, não é isso que eu sempre disse, e digo-vos mais uma vez, mais uma vez, com toda a gravidade que pode ser transmitida pelos esforços de pensamento assiduamente fixada em tentar fazer, bem como uma lata - I dizer-lhe mais uma vez que eu sempre vou considerar que você é algo diferente de um traficante simples Corots, que através do meu intermediário você tem sua parte na própria produção de certas telas, que mesmo em calamidade manter a calma.Por que é onde estamos, e isso é tudo, ou pelo menos a principal coisa que eu posso dizer-lhe num momento de crise relativa. Em um momento em que as coisas são muito tensa entre os concessionários em pinturas - de artistas mortos - e artistas que vivem.
Ah bem eu arriscaria a minha vida para o meu  próprio trabalho e minha razão fracassou em metade, muito bem, mas você não é um dos traficantes em homens, tanto quanto eu sei e posso julgar.Eu acho que você agiu com humanidade,mais do que você pode fazer.

AU REVOIR ET A BIENTOT

TATIANA JUSTEL









sábado, 20 de julho de 2013

A dança da morte.

Bonjour

Como bailarina não poderia deixar passar isso ,li e reli algumas vezes. Ouso em fazer uma comparação aos tempos em que vivemos hoje,manifestações revoluções, há algo similar, entre essa estória-lenda abaixo. 





A dança para a morte, 1518.

A dança para a morte foi uma epidemia que acometeu na cidade de Estrasburgo, na Alsácia (então parte do Sacro Império Romano ). Estranhamente uma mulher, Frau Troffea, em meados de julho, apareceu dançando em u
ma rua da cidade e assim permaneceu por 4 a 6 dias sem parar, até que caiu morta. Enquanto dançava loucamente para a morte, cerca de 30 pessoas se juntaram a ela.

Apesar de parecer lenda, de fato a dança para a morte ocorreu, pois foi largamente documentada pelas autoridades locais, Igrejas e médicos. A loucura durou mais de um mês, juntando ao final, 400 pessoas que dançaram até caírem mortas. Ao invés, porém, das autoridades locais receitarem a sangria, já que o diagnóstico fora "sangue quente", foi prescrito que os dançarinos não parassem de dançar como uma forma de cura.

Assim, músicos foram contratados para ficarem tocando ao lado dos histéricos, palcos improvisados foram construídos e dançarinos especializados foram acionados para que auxiliassem as pessoas que tinham sido acometidas pela epidemia.

Ainda que pareça altamente estranho e algo isolado, o evento não fora o primeiro, tendo ocorrido a primeira epidemia de dança no século XII. Por muito tempo algumas hipóteses foram levantadas, entretanto, logo deixadas de lado.

Entre tais hipóteses estava o possível consumo de um musgo altamente alucinógeno que cresce no centeio. Porém, se a explicação passasse pelo musgo consumido, o estado de alucinação não teria durado tantos dias, segundo a explicação dos especialista. Outra hipótese para a causa da epidemia teria sido a de que os dançarinos eram, na verdade, seguidores de uma seita herética. Porém, novamente a explicação caiu por terra quando os documentos da época foram analisados e deixavam claro que os histéricos estavam claramente perturbados e pediam ajuda.

Por muito tempo as respostas foram desconhecidas, até que um historiador John Waller da Universidade de Michigan finalmente descobriu a ligação entre as epidemias que tinham acontecido ao longo da História e o possível motivo para terem acontecido. Segundo Waller, as danças para a morte sempre ocorriam após grandes provações, desastres naturais, pestes etc. Ou seja, as pessoas que começavam a dançar possivelmente estavam psicologicamente afetadas.

No caso da epidemia de 1518, varíola, sífilis, lepra e até mesmo uma nova doença conhecida como "o suor Inglês" tinha varrido a região.

Além disso, havia uma antiga lenda cristã de que, caso alguém provocasse a ira de São Vito, um siciliano martirizado em 303 d.C., ele jogaria pragas para que as pessoas dançassem compulsivamente até a morte. Unindo-se o estresse das pessoas causado pelas doenças que a região vinha passando com a crença nessa lenda cristã, o historiador chegou à conclusão de que houve uma histeria em massa, um distúrbio psicológico coletivo, levando todos a dançarem até a morte.

Os estudiosos no assunto acreditam ainda que a epidemia bizarra nunca mais tenha acontecido, pois durante a Reforma Protestante de Lutero, iniciada em 1517, tenha feito desaparecer essa antiga lenda cristã de São Vito e, assim, as pessoas, mesmo afetadas psicologicamente, não entrariam em um estado de transe parecido, uma vez que a lenda teria desaparecido com o tempo.

Texto de Talita Lopes Cavalcante
Administração Imagens Históricas


Gravura de Henricus Hondius retratando três mulheres acometidas pela praga. Obra baseada em desenho original de Pieter Bruegel.



au revoir et a beintôt
bisous