terça-feira, 31 de março de 2015

Maria Callas, "Excentricidade" ... A maior soprano de todos os tempos.


 São as águas de março fechando o verão....
E para encerrar o verão, faço uma homenagem ao mês da Mulher com uma grande mulher.
Não dá para falar de Callas , e não mencionar :

Música

Hoje eu queria mudar-me para o pais da musica
o pais sem fronteiras da harmonia
e da beleza inatingível...
Não queria ter pés, nem mãos, nem corpo,
apenas ouvido,
hoje eu queria ser apenas ouvido
viver por esse único sentido
e ser uma onda sonora perdida no espaço
Fundiria o mais remoto passado ao mais longinquo futuro
estaria no primeiro estalido da primeira folha que caiu
ao primeiro vento,
no primeiro rumor de peixe dentro do mar
e das primeiras asas no ar
e vibraria no choro da ultima criança que ainda vai nascer

badalada não vibrada , e ainda em silencio no gongo imóvel

Hoje eu queria ser apenas som
som sem principio e sem fim
som, som eterno, eterno som...
Devia ser bom
ser apenas som,
som no espaço eterno e indestrutível,
confundido com o primeiro movimento
que seria também o ultimo
Hoje eu queria ter ouvidos somente a Maria Callas 

Timeline

Nasci em 1923, em Nova York, meu nome é Cecília Sofia Anna Maria Kalogeropoulos, sou filha de imigrantes gregos.
Aos 13 anos, viajei para Atenas para estudar sob orientação da notável soprano Elvira de Hidalgo. O meu primeiro grande papel foi em 1947, quando surgiu no papel de La Gioconda em Verona, Itália. Fui aclamada pela poderosa voz de soprano, e não demorou para me apresentar nos mais diversos palcos do mundo, inclusive no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo. 
 Faleci em  1977, ao 57 anos, sozinha em meu apartamento em Paris.
Minha vida  renderia ópera de enredo tão trágico quanto o das encenadas por mim mesma , sou de origem grega e comecei nos nos palcos a partir dos anos 40.
O abandono de Onassis - a quem continuei  ligada até o fim da vida  foi talvez o maior dissabor que enfrentei, mas estava longe de ser o primeiro. Com minha mãe, ainda na Grécia , seria apenas o primeiro capítulo de uma saga de decepções e brigas, que enfrentei..
Mesmo no auge vocal, vivido na Europa nos anos 50, eu me  desentendia com meus  colegas e diretores por conta do meu temperamento forte.

C'est ma vie.

Medea

É  um filme ítalo-franco - germânico lançado no ano de 1969, dirigido por Pier Paolo Pasolini e estrelado por Maria Callas. (no filme , Medea, interpretado por Callas, a soprano não canta, uma só vez)

Medeia é uma personagem da mitologia grega, descrita extensivamente na peça Medea, de Eurípedes e no mito de Jasão e os Argonautas. Medeia era uma mortal filha do rei da Cólquida, e neta do deus do sol Helio. Em diversos mitos Medeia é descrita como uma feiticeira, muitas vezes ligada à deusa Hécate (deusa da bruxaria e das encruzilhadas).

La Opera

Maria Callas Opera Arias : La Traviata, Norma, Madama Butterfly, Lucia di Lammermoor & many others

 a maior soprano de todos os tempos

O talento permitiu que as belas obras do bel-canto do século 19 ressurgissem como a Norma de Bellini e outras que não haviam sido levadas à cena fazia décadas. Em 1954, a “Divina Callas" fez sua estreia em palcos de seu país natal em Chicago, no papel de Norma, uma performance que ela repetiu diante de uma platéia recorde no Metropolitan Opera House de Nova York. 

Contudo, Callas era uma artista fulgurante. Nada em sua biografia se compara ao poder de fascínio de sua voz. A gravação da mais famosa apresentação de Norma, de Vincenzo Bellini (1801-1835), com a orquestra do Scala e regida pelo maestro Tullio Serafin, é um ícone da história da ópera pela emoção e dramaticidade. Norma foi o papel que Callas mais representou: 92 vezes. A ópera toda – mas principalmente a ária Casta Diva – consolidou sua reputação. 



Quebra de padrões 

Depoimento de Viscontti à Maria Callas
Inspirada pela condução de Serafin, Maria subverteu as regras até então aceitas no canto lírico e ousou desconstruir a exagerada especialização. Os sopranos, em sua época, estavam subdivididos em dramático, mezzo, coloratura, liggero e spinto. Contrariando tudo em que se acreditava, cantou na mesma semana Tristão e Isolda, de Richard Wagner, Turandot, de Giaccomo Puccini, e voltou a Wagner no papel de Brunnhilde. 

Décadas depois, em uma das famosas master classes que Callas deu na Juilliard School of Music em Nova York, em 1971-72, ela sentenciou: "Hoje só se fala em baixo profundo, baixo cantante, barítono-baixo ou soprano ligeiro, soprano spinto, soprano disso, soprano daquilo. A cantora é soprano, e basta! Um instrumentista faz os baixos e agudos. Do mesmo modo, um cantor deve cantar em todas as tessituras". 

A interpretação de Tosca, de Giacomo Puccini (1858-1924), também entrou para a história, principalmente na apresentação que fez no Scala sob a regência de Victor de Sabata. Floria Tosca foi representada 39 vezes por Callas, mas nada se compara com a majestosa apresentação de 1953, em que Maria contracena com dois outros cantores respeitáveis: o tenor Di Stefano e o baixo Tito Gobbi. 


"(...)Ou se nasce artista ou então não se é. E continua-se a ser artista, sempre, mesmo que a voz seja menos que um fogacho. O artista está sempre lá(...) Maria callas.
au revoir et a bientot
Tatiana Justel



segunda-feira, 30 de março de 2015

Cecília Meireles. Faze-te sem limites no tempo.....

Sempre há um motivo para escrever, uma força, uma razão. O que me levou a reescrever sobre Cecília Meireles, foi uma razão muito simples , mas muito especial....

Primeiro dia de aula de Marcus Vinícius, na Escola Pública de Vicente Lopez, Argentina. 

Diálogos, via Whats zap zap:

- Mãe, hoje comecei as aulas aqui , tudo certo, listo!!!

- Ok, filho, como foi?

- Mãe, ajuda ai, quem foi Cecília Meireles? 

- Espera um pouco filho, vou te explicar, já te mando um link.

- Não demora, preciso levar pra amanhã, fiquei com vergonha, porque sou brasileiro e não sabia dizer que era.

- Filho, não se preocupe, há muitos brasileiros, que nem imaginam a importância dessa artista para nós.

Ai vai, boa sorte. te quiero Vinicius.

Linha do tempo
Rio Rio de Janeiro RJ (1901- 1964) Poetisa, professora, pedagoga e jornalista, cuja poesia lírica e altamente personalista, freqüentemente simples na forma mas contendo imagens e simbolismos complexos, deu a ela importante posição na literatura brasileira do século XX. Embora vivendo sob influência do Modernismo, apresenta ainda em sua obra heranças do simbolismo e técnicas do classicismo, gongorismo, romantismo, parnasianismo, realismo e surrealismo, razão pela qual sua poesia é considerada intemporal.

Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano." Cecília Meireles

Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa.  Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea(Paulo Rónai)

Serenata
"Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo"

"(...)APRENDI COM AS PRIMAVERAS A ME DEIXAR CORTAR, PARA VOLTAR SEMPRE INTEIRA "(...) 
Retrato
"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"


"(...)Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua(...)"


Poemas  de Cecília que viraram canções....

Os Inconfidentes "Chico Buarque"

"Motivo" , poema musicado por Raimundo Fagner

Canteiros - Raimundo Fagner
Rio  (...)não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar(...)


Como  não amar essa poeta.

au revoir et a bientot

Tatiana Justel

sábado, 28 de março de 2015

Jean - Michel Basquiat - Samo is Dead

Seguindo a linha dos ilustradores, desenhistas e grafiteiros, hoje falo sobre:

JEAN-MICHEL BASQUIAT

Nasceu em 22 de dezembro de 1960, Brooklyn/ New York.
Foi um artista tipicamente americano,mas pelo pouco tempo que viveu , fez seu nome no mundo todo.

Ele começou com o grafite e depois o neo-expressionismo (movimento cultural de vanguarda, surgido no inicio do séc. XX). As pinturas desse artista ainda são referência para vários artistas, e atingem os leilões de arte com preços exorbitantes ,ultrapassando os limites do justo e do razoável.
Sua grande incentivadora foi sua mãe Matilde, de anscendência porto-riquenha e seu pai que era haitiano. Desde cedo ele começou a pintar, desenhar , e participar de atividades relacionadas a arte.

Em 1977, Basquiat com seu amigo Al Diaz, começaram a grafitar prédios antigos em Manhattan. E foi um sucesso! A carreira decolou!

A assinatura era sempre a mesma SAMO, ou SAMO SHIT, traduzindo:

" A Mesma Merda de Sempre". O projeto Samo acabou como epitáfio:

" SAMO IS DEAD" ," Samo esta morto", escrito nas paredes de SOHO de New York.

Basquiat não veio a passeio nessa vida, fez tudo o que queria, vendeu camiseta e postais de seu trabalho pelas ruas de New York.Montou uma banda chamada"GRAY", com o musico Vicente Gallo. Virou celebridade num programa de TV, o qual, aparecia regularmente dentro das cenas de arte de East Village, namorou com uma tal de Madonna, trabalhou no filme Dowtonw 81 conhecido por New York Beat Movie. Era estiloso, bonito e talentoso.

Auto-retrato de Basquiat

Quer mais?????

Na década de 80 era freqüentemente visto na companhia dos melhores curadores, colecionadores, como: David Salle e Julian Sachanabel.

Ele tinha tudo!!!! Era o cara do momento.

Quando saiu na capa da New York Times, com matéria dedicada exclusivamente à ele, sua popularidade chegou como um cometa na Europa.

Exposição no Museu do CORSO

Mas infelizmente, dia 12 de agosto de 1988, ele faleceu . Basquiat era viciado em drogas. Morreu de overdose ,em uma combinação de heroína e cocaína conhecido como speedball. 

Obras

Testa


Adicionar legenda
La  Jaconde









Após sua morte , foi lançado um filme que leva seu nome "Basquiat" , e é bem interpretado pelo ator Jeffrey Whight, e dirigido por Julian Schanabel.

Se formos traçar uma linha da personalidade da maioria dos artistas "gênios", é triste a trajetória de vida e arte, quase sempre o mesmo, drogas, álcool ou remédios que vão dopando ,pouco à pouco , numa viagem sem volta. Pagam um preço alto por sua genialidade.

Recomendo que vocês assistam os filmes acima citados e claro assistam!!Basquiat!!!!


au revoir 
et a bientot

Tatiana Justel

sexta-feira, 27 de março de 2015

Muito prazer grafiteiros, me chamo Chico da Silva.


Para finalizar essa semana que dediquei às Artes Visuais, vou falar sobre o artista Chico da Silva, neste 27 de Março, em que se comemora o Dia do Grafite. 

Então ...

Muito prazer:




Eu sou o Chico da Silva.

Nasci em Cruzeiro do Sul / Alto Tejo em 1910, e morri em Fortaleza em 1985.
Sou descendente de uma cearense e de um índio da Amazônia peruana, vivi até os 16 anos na comunidade do Alto-Tejo.
Em 1934 vim  para o Ceará com a família.
Fui semi-analfabeto, fiz de tudo: consertava sapatos, guarda-chuvas, fazia latinhas para lamparinas, mas sempre desenhava pelos muros da cidade com carvão e giz, era autodidata. Por isso, fui reconhecido como  pintor do estilo Naif.**
Nem imaginava  o que era isso.

** NAIF
(A arte Naif ou arte primitiva moderna é a arte produzida por artistas sem preparação acadêmica. Caracteriza-se pela simplicidade e pela falta de elementos ou qualidades presentes em artistas que tem uma formação).


Na década de 50, um pintor suíço, Jean-Pierre Chabloz, ficou impressionado com um dos meus  grafites, na praia de Pirambu. Eu costumava pintar as paredes e muros do bairro, e, antes de ficar famoso, os moradores chamavam-me de "Indiozinho débil mental". Só que o "indiozinho débil mental", foi ser discípulo de Chabloz, que o aperfeiçoou com técnicas de guache e óleo.


Logo me destaquei e comecei a expor em minha cidade, depois em outros Estados, Rio, SP, e, em 1966, recebi a Menção Honrosa na XXXII Bienal de Veneza.
Acredito que meu estilo fora único, meus desenhos surgiam de forma espontânea como involuntários impulsos da minha imaginação .
Eu fiquei conhecido nas Europas, como o Índio da técnica apuradíssima e traços autodidatas de origem inerente a visão tropical da vida na floresta.

Entretanto, minha autenticidade foi também meu maior dilema, Chabloz logo ficou insatisfeito com as minhas obras, e acabou me abandonando.

Eu, era mais um desses artistas, do mundo, uma ovelha desgarrada da arte, eu fazia minha própria arte, dentro da minha vida simples, eu queria sempre recomeçar, mas o mercado, era duro, chato, e não deixava.

Minha assinatura era algo diferente também. Eu assinava com um S ao contrário e a impressão do meu polegar junto dela.

O que puderam fazer o fizeram, se aproveitaram de mim, mas a minha visão era descomprometida com a visão comercial; meu compromisso era comigo mesmo. Eu sempre fui um boêmio e irresponsável, e isso só apressou a minha queda. Ganhei muito dinheiro e gastava muito também. Aos poucos fui perdendo o entusiasmo para pintar, e, com a morte da minha mulher, começaram as internações em hospitais psiquiátricos, para combater o alcoolismo.

Essa é a minha história.

Tão comum, nos dias de hoje, entre artistas que tentam, que sobrevivem da arte, para se ter um pouco de lucidez nessa vida.

E aí abaixo, alguns dos meus mais famosos e premiados trabalhos











Em 2010, fui homenageado pela Câmara Municipal de Fortaleza
 pelo centenário do meu nascimento.
Pra quê isso? Agora !!!

Chico da Silva, diria isso!!!!!!


... e aí vai um documentário bem interessante, 
para refletir:

Grafite e Pichação
onde começa um e termina o outro



au revoir et a bientot!

Tatiana Justel




quinta-feira, 26 de março de 2015

Vincent van Gogh, gênio ingênuo


O que faria um artista que viveu nos limites, entre campos e cabarés, entre a paz de um trigal, e a boemia nas noites de Saint Remy, pintar a vida cotidiana com tanta realidade ? Pintar a vida simples do campo, os loucos do manicômio, fazer retratos de pessoas comuns, pintar o sol, a lua ...

Queria tanto saber o que se passava na cabeça desse gênio ingênuo...

"... Só mudaram os fantasmas. Tudo é medo. A gente cresce e leva um tempo pra perceber que os gigantes são maiores. A gente cresce e acha que tá fazendo um grande negócio. Aí, sente falta do homem do saco. Se mete com droga, bebida, balada, uma fodelança desenfreada e acha que tá fazendo um grande negócio. É lascívia pra galgar posto, aceita qualquer expediente funesto, abre as pernas por qualquer dinheiro, ou nem isso, bota uns nomes bacanudos pra essa merda toda, do tipo camaradagem, amizade, parceria, ambição, curtir a vida, crescer, carreira, desejo, superação, vida pública... participação política... colaboração de classes... Né?! Amor... A gente ainda tem a manha de tacar o nome de amor..." (trecho de uma peça de Marcelo Rayel)

Muito bem usada para esse momento ...

Vincent, tudo me leva a crer que você tinha muitos fantasmas atormentando-o.

O que o salvou, foi a arte; ele exalava e respirava arte, era um pintor compulsivo, chegava a pintar até 100 telas por dia, às vezes não tinha dinheiro pra tintas, fazia alquimia, dava um jeito, só não vendia suas telas, porque seu irmão, Theo Van Gogh, o ambicioso, já fazia por ele, chantageando por algumas migalhas de atenção e carinho. 

Van Gogh, é um desses entes, que ama mais o outro do que a si mesmo; o outro, também pode ser abjeto, abstrato, uma paisagem, uma tela ou um copo de absinto.

"(...) Juro que nem me lembro do que ele falou. Não me recordo do assunto. Agora... agora... sinceramente, não lembro. Com riqueza de detalhes?! [pausa] A única coisa que eu me lembro é que eu tava muito triste. Não é esse negócio de depressão, não. Esse troço que artista insiste colocar o nome de melancolia. Não! Era tristeza mesmo. A mais profunda e genuína tristeza. Tava triste. (...)"  retirado do texto de Marcelo Rayel.

Vincent, sentia medo e tristeza.
Não era depressão, porque naquela época, uma depressão era diagnosticada como LOUCURA, e não acredito que ele tenha sido um louco.
Só queria ser ouvido, só queria ser reconhecido, e a única coisa que tinha para oferecer era a sua arte.

Vincent Van Gogh

Vincent, jovem
Quando julgarmos alguém, seja do que for: louco, insano, filho da puta, desgraçado, mau caráter, tipo "joga pedra na Geni",
tente pensar nesse ser, como uma criança; esse ser já foi uma criança
pense nisso ...

E aí deixo, um pouco de poesia
que cabe à primeira figura, "O Semeador", de 1888. 


SENSATION

O Semeador  

Par les soirs bleus d'été, j'irai dans les sentires,

Picoté par les blés, fouler l'herbe menue:

Rêveur ,j'en sentirai la fraîcheur à mes pieds.

Je laisserai le vent baigner ma tête nue.


Je ne parlerai pas, je ne penserai rien:

Mais l'amour infini me montera dans l'âme,

Et j'irai loin , bien loin ,comme un bohémien,
Par la nature, heureux comme avec une femme



Pelas noites de verão azul, eu vou pelos caminhos,


Picadas pelo milho , destruindo a grama curta:


Sonhar Vou sentir a sua frescura em meus pés.

Eu deixo o vento banhar minha cabeça nua.


Eu não vou falar, vou pensar em nada:

Mas o amor sem fim vai montar na minha alma,

E eu vou longe , muito longe , como um cigano,

Por natureza, feliz como uma mulher.



Arthur Rimbaud


Dedico este post ao escritor, letrista, romancista e blogueiro Marcelo Rayel, 
por suas reflexões tão profundas. 
Os solitários são os que estão mais imersos no mundo, meu amigo.

au revoir et a bientot


Tatiana Justel