domingo, 5 de abril de 2015

Mito da Caverna - a metáfora da condição humana.

Sempre achei que tempo de Páscoa é de transformação, ressurreição. Tempo para refletir e repensar o modo de vida que estamos carregando nas costas. Quem sabe esse seja mesmo o significado da Páscoa ...


Seguimos assim ou nos transformamos ?


Seu nome verdadeiro era ARISTÓCLES e, pelo tamanho das suas costas, recebeu o apelido de PLATÃO.
  
E Platão, grande discípulo de Sócrates, foi um gênio igual ao seu mestre. Permaneceu ao lado de Sócrates até a sua morte, e perpetuou as idéias socráticas, deixando um legado para o mundo que é estudado até os dias atuais.

O Platonismo é um sistema de mundo complexo e acabado, que engloba não só a natureza e a finalidade do homem, mas também o universo físico.

O Mito da Caverna encontra-se na obra intitulada "A República" (livro VII) ... 


Imaginem um muro bem alto, separando dois mundos e uma caverna. 

Na caverna existe uma fenda por onde passa um feixe de luz exterior.

No interior da caverna permanecem seres humanos que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, não podem se mexer, e são forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna.

Isso me lembra qualquer coisa ...

Na parede são projetadas sombras de outros homens, que além do muro mantem acesa uma fogueira. Pelas paredes também ecoam os sons e ruídos que vem do mundo de fora, os prisioneiros acreditam que essas sombras e esses sons são eles mesmos; é a única realidade que eles tem.

... agora imaginem, que certo dia, um desses escravos consegue se libertar. E vai aos poucos se arrastando na direção do muro. Enfrenta todas as dificuldades e obstáculos para escalá-lo, mas, por fim, encontra a saída da caverna, e se liberta.

Isso, parece tão real para os dias de hoje ...

Assim, ele descobre, que tudo que havia ali dentro, não passava de uma grande ilusão, que as sobras, os sons, eram uma grande mentira, porque eram projetadas pelos prisioneiros.

Descobre o mundo real, e tudo o que ele poderia lhe oferecer, e mais além, todo mundo e toda a natureza.

Seus sentidos, pelos anos e anos de prisão, entorpecidos, começam a despertar. A luz do dia era tão intensa que quase o cegou.

Ele resolve voltar à caverna e libertar os outros, revelar que o mundo real existe. Mas o tomam como louco, e ele corre um sério risco de ser julgado e morto por aqueles que compartilhavam com ele da escuridão.

Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que acaso se liberte, como Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente.
Platão morreu aos 81 anos, e como vemos Sócrates, por meio dos trabalhos de Platão e Aristóteles, deixou a sede de saber, de conhecer, através de um questionamento constante de conceitos.

Transpondo para a nossa realidade ...


Imagine se você acreditasse desde o dia em que nasceu, que o mundo é assim e pronto. Incrustaram na sua mente que aquela era a única verdade.

Então vem alguém e diz:

__ Olhe para fora !!! Quebre os seus conceitos e paradigmas. Tudo o que você aprendeu até hoje é falso e parcial, calcado na mentira e na ilusão.

__ Olhe para luz !!!
Imaginem, se isso se passasse na existência humana, comparavelmente à situação do Mito. Quantos homens na face da terra vivem acorrentados com falsas crenças, preconceitos de todos os tipos, ideias enganosas, vivendo no seu mundinho medíocre, quadrado, e por isso tudo inerte em suas poucas possibilidades ?

Ah, ainda há muitos que vivem na caverna, entorpecidos pelo véu da ignorância, e mesmo tendo consciência disso, o que aumenta a responsabilidade de mudar, não se permitem.

Diante disso, deixo algumas reflexões:

1- A tecnologia nos liberta ? Será mesmo ? Será que não nos escraviza ?

2 - Traçando um paralelo entre o mito e o contemporâneo, podemos tentar uma visão mais realista da imersão contínua de informações que sofremos ?

3- E quais suas conseqüências ?

4 - O que faria, nos dias de hoje, nos libertar desse mito, tão presente na nossa realidade ?

5 - Será que um dia vamos sair dessa Caverna, que nos aprisiona, e nos libertar da pressão que a sociedade nos cobra, libertar-se dessas correntes psicológicas que nos impedem de olhar pra frente e ver que tem um mundo inteiro à nossa espera ?

Vamos pensar ...

Penso, logo Existo !!!



au revoir et a bientot

Tatiana Justel

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