Você entra para um convento,esquece do mundo externo, você passa a se abdicar de todos os prazeres de uma vida normal, você tem que se esforçar em tudo em todos os aspectos de sua vida. Eu diria que ,pode-se comparar com uma escola militar.
A postura de uma bailarina , vai além de uma coluna perfeitamente ereta, um corpo esguio, uma bailarina não relaxa nunca, e é essa a postura que ela carrega pro resto da vida, e a deixa firme e forte. A cobrança é extremamente pesada , é uma vida regrada de responsabilidades, comprometimento total, global, entrega de corpo, mente e alma.
E a consagração vem no palco,nas palmas, nos brados de bravo!!!!!!
Dura tão pouco!
No inicio do séc. XX, enquanto as bailarinas dançavam nos palcos com seus tutus, (aquelas sainhas rodadas e armadas), sapatilhas de ponta, e passos técnicos , certinhos e quadradinhos, surge uma bailarina revolucionaria, ousada, que estava muito a frente de seu tempo, e escandaliza a sociedade, renovando a cara do ballet quadrado e rígido; ISADORA DUNCAN
Com seu espírito forte e emancipado a bailarina independente,percorria os teatros, fazia testes, buscava apoio nas mansões da burguesia, dançava em saraus ,simplesmente para distrair a elite. Podemos por assim dizer,que sua arte era sobreviver a miséria que acometia sua família.
Nascida na praia, Isadora buscou estudar os movimentos ondulatórios, as ondas, os ventos ela se sentia parte da natureza.
Certa vez um famoso poeta e dramaturgo italiano, Gabriele D' Annunzio disse:
- Você é a unica mulher que pode fazer parte da natureza sem agredi-lá, você me dá paz."
REVOLUCIONÁRIA
Isadora dança "Canções sem palavras" de Mendelssohn
A sua dança estava esta muito ligada as outras artes, na pintura, na musica, na escultura, mesmo pobre, ela se alimentava de cultura, era uma verdadeira bluestocking. Devorava livros para esquecer a fome.
O sofrimento, as lutas, todo esse drama era dançado por Isadora, toda carga emocional somada a sua cultura literária, musical, artística era usada por ela.
Isadora coreografava com Chopin, Mozart, Mendelssohn. Sua dança moderna, nos dias de hoje chamaríamos de dança contemporânea, ou dança livre ou dança natural. Mas acredito que ela foi única, para chegar a um estágio onde não é possível separar o EU, da dança, o analítico crítico , da sua obra, precisa caminhar muito, na ponta dos pés...
A dança contemporânea hoje ficou tão livre, tão livre, que se perdeu. Ficou tão conceitual e surrealista, que muitas vezes se torna hermética em demasia, não há outro nome para defini-la. Essa é a questão:
A dança Contemporânea é para ser compreendida?
VISIONÁRIA!
Imaginem, viajam no tempo comigo. Uma época em que as mulheres tinham que usar espartilhos apertadíssimos, (à la Poiret), surge uma "louca" que se veste com roupas transparentes, leves, esvoaçantes. Isso chocou toda uma geração ,através do seu estilo de dança , do modo de vestir-se , desamarrou tudo que a sufocava, arrebentando espartilhos, quebrando os tabus, tudo que reprimia,que doía, para ser livre, pra ser ela mesmo. Comparo Isadora com a madame Coco Channel, que também revolucionou a moda na sua época. E fez historia.
Isadora ,depois de uma longa jornada em fim chegou a fama, e traçou o caminho da beleza americana: virou filmes, livros, ícone e referência.
"Minha arte é um esforço para mostrar minha VERDADE,em gestos e movimentos.... levei MUITOS ANOS para achar que fosse um movimento realmente autêntico"
livro Minha Vida de ISADORA DUNCAN.
Mas em 1927, em Nice/França, nossa musa grega morre de uma forma trágica, a mulher que se libertou das amarras, morre enforcada pela sua própria echarpe, dentro de seu carro em movimento, presa pela janela, sua echarpe vermelha sufoca seu pescoço frágil.
Parece um paradoxo?
Mas é ! A mesma que um dia se libertou dos panos....
au revoir
et a bientôt
Tatiana Justel
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