segunda-feira, 2 de março de 2015

Paris e os Cafés Literários

Bonjour mes amis
Paris não acaba nunca é titulo de um livro de Betty Milan, que eu comi em uma noite.  

Ela nos escreve assim....

"(...) Até o início dos anos 1900, o Café du Dôme tem sido reconhecido como um local de encontro intelectual. Conhecido como o 'Anglo-American Café' é o primeiro café em Montparnasse.

Ele forneceu a troca de mensagens e de um mercado informal para a arte e literatura. Frequentado por pintores, escultores, escritores, poetas, modelos, os amantes da arte e comerciantes famosos ou que logo se tornariam, Le Dome tornou-se um ponto focal para artistas residentes na margem esquerda de Paris. Ele se tornou o ponto de encontro da colônia literária americana.

Na época, um artista pobre podia pagar uma salsicha Toulouse e placa amassada para o equivalente a um euro. Hoje, é um restaurante de peixe high-end que a Michelin dá uma estrela, com uma decoração confortável na antiga . O crítico gastronômico Patricia Wells disse: “Eu não poderia fazer suas refeições no Dome uma vez por semana, me regalando de bandejas de ostras iodo e sua meuniere único incomparável” (...)


Paris não chama ninguém, mas deixa supor que o faz; desde sempre se deixa cantar, é uma grande dama, não vive sem a trova e o trovador.

Dama e manancial, ela é uma ilusão sem a qual o Ocidente não existiria e é certamente por isso que, malgrado a ordem de Hitler, não foi explodida pelos alemães.

Mas o foco hoje é para falar dos bares inseparáveis da literatura, ditos cafés literários, de que também é bom exemplo o Deux Magots, onde o surrealismo nasceu, ou o Café Flore, muito frequentado por Camus, cujos textos eram corrigidos por um garçom chamado Descartes, e Jean-Paul Sartre, para quem o patrão não hesitou em instalar uma linha telefônica especial.





Um bar em Paris, é algo muito especial, quem lê 'Paris é uma Festa' de Hemingway se surpreende com a quantidade de bares que o autor frequentou, o Café des Amateurs, um bar triste e sujo na place de Contrescarpe, ponto de reunião de bêbados do bairro, o bar da place, Saint Michel, limpo e quente, bom para escrever, o Dingo Bar na rua Delambre, onde conheceu Fitzgerald; a Closeriede Lilas, onde escrevia tomando café creme e Fitzgerald, já amigo de Hemingway, falou com satisfação e modéstia de o Grande Gatsby.

Tudo isso para dizer como sentimos falta, aqui na nossa "Dubai", de ter um café literário, um bistrô, onde pudessem reunir os nossos poetas marginais, jornalistas, intelectuais.
Tenho registros raros do Café Millôr, dos meus amigos Claudio e Roseni, que se instalava do centro do Gonzaga, muito bem frequentado pelos escritores daqui de Santos, SP, saudade.

De onde vieram os cafés literários?

Hoje em Santos, há mais ou menos uns 4 anos, todos os sábados me reúno com um coletivo de artistas, na casa do pintor Costa Villar, que denominamos de Garage, onde debatemos sobre literatura, história da arte, musica, dança, pintura... e sempre é regado a um bom café com biscoistos e bolos. Às vezes tenho un deja-vu... será que estamos perto desses café literários?

Sonhar não custa nada, eu sei que é um clichê, mas acredito  que as grandes ideias, os melhores papos, os melhores encontros, as grandes inspirações saem da mesa de um bar, de un cafe, regado a um bom vinho, ou não teríamos esses clássicos franceses que existem até hoje.

Sonho: ter un petit bistrot, uh la la !!!

Tatiana Justel






2 comentários:

  1. É sempre um prazer também aprender com você. Maravilha de texto.

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    1. merci, fico feliz de poder mostrar um pouquinho do que conheço de Paris.

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