No dia 22 de fevereiro de 2015 se encerrou uma das exposições que a meu ver foi um presente a São Paulo para comemorar o aniversário da cidade. A Pinacoteca do Estado recebia, por dia, milhares de pessoas, que esperavam aproximadamente, de duas a três horas para ver Muek. Com a curadoria do diretor Hervér Chandês e da sua curadora associada Grazia Quaroni, a mostra chegou a São Paulo depois de passar pelo MAM no Rio de Janeiro, e Buenos Aires.
Eu diria que Muek é um artista incomum, mas todos os artistas tem sua assinatura, um ponto que registra sua obra, e o marca, isso é claro. Já vi em tantos outros, o realismo também impressionante de Lucian Freud, e o que dizer das esculturas de Cammille Claudel, Rodin, Antonio Canova?
Muek cria, recria, em estado meditativo, no seu pequeno studio em Londres, silenciosamente e sozinho, ele vai dando vida às suas crias.
Eu diria que é quase um estado de graça. Ele conversa com suas crias, vai dando formas, gerando uma atmosfera de um laboratório de fertilização in vitro, os pelos, os cabelos, a pele, as unhas, a verdade que se vê nos olhares, nos gestos... os detalhes são sublimes.
O espectador, se move em volta das esculturas, faz malabarismos para não perder nenhum detalhe; gosto de observar a reação das pessoas, e posso dizer que é uma exposição atípica por essa mesma razão, porque se vê de tudo, espanto, medo, asco, ternura, dor, tristeza, pena, é simplesmente incrível !!!
Não podíamos se quer tocar nas obras, há um espaço delimitado entre o espectador e a escultura, são as obras que nos tocam. Faz despertar em nós inúmeros sentimentos, conscientes e inconscientes, até mesmo aqueles que estão na nossa caixa preta.
Está além do realismo acadêmico, do hiper realismo, da pop-art. Ele trabalha com um realismo que está inteiramente ligado ao tempo, e o seu o tempo é intenso e monumental.
Vejam o vídeo do artista na dádiva da sua produção:
Agora, tentei seguir a ordem da exposição, com algumas visões minhas sobre as crias (obras), fotografando-as:
Desejo de despertar o gigante que dorme ou dar um beijo nessa boca carnuda, fazer sua barba e entrar nesse vácuo, nesse vão do rosto...
A galinha içada, abatida, morta...
... o asco, o nojo...
vi crianças correndo de medo e adultos dizendo que nunca mais comeriam frango...
Tensão
ternura
jovens ou adultos?
O negro que mostra o corte no abdomem, parece querer nos mostrar a dor, a morte...
Mãe filho
ela demonstra um cansaço
um estado de parcimônia
depressão
desleixo
e o bebê procura o olhar da mãe
que não está ali, nem em lugar nenhum...
A mulher alegre, livre, gorda, nua, com as costas arqueadas levando as ramagens, parece que vai para um ritual, uma festa...
O homem nu no barco à deriva, sensação de abandono e busca...
O bon vivant, no banho de sol, reparem nas rugas, e na falta de protetor solar. Na expressão de paz...
O amor
a maturidade
a leveza da idade
a reflexão
a ternura do olhar feminino
reparem os detalhes
as varizes da perna gorda
as unhas já crescidas
a falta de cabelo no cuco da cabeça
e o olhar terno desse homem que deita no colo de sua amada...
fim
curiosidades....
Muek utiliza materiais como resina, fibra de vidro, silicone, argila e acrílico para reproduzir fielmente cada detalhe da anatomia humana e construir esculturas que tematizam pinturas de vida e morte.
Os cabelos e
pelos são colocados um a um. Na obra Dead Dad de 1996, ele utiliza seu próprio
cabelo. Em seu ateliê.
Seu perfeccionismo tem influência do seu pai, que sempre exigiu uma disciplina rígida nos detalhes.
Muek nasceu em 1958 em Melbourne, é Autraliano e atualmente trabalha na Grã-Bretanha onde localiza-se seu studio, ou seja sua casa, sua vida e sua alma.
Ron Muek = obsessão pela verdade.
referências:
. Site da Pinacoteca do Estado de São paulo
. Wikpédia
. Fotos: Tatiana Justel
. Agradecimento a Hernan Siculer, que me apresentou ao trabalho desse artista alguns anos atrás e que tive o prazer e a coincidência de encontrá-lo durante a exposição. :)
Tatiana Justel
. Agradecimento a Hernan Siculer, que me apresentou ao trabalho desse artista alguns anos atrás e que tive o prazer e a coincidência de encontrá-lo durante a exposição. :)
Tatiana Justel
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