sexta-feira, 27 de março de 2015

Muito prazer grafiteiros, me chamo Chico da Silva.


Para finalizar essa semana que dediquei às Artes Visuais, vou falar sobre o artista Chico da Silva, neste 27 de Março, em que se comemora o Dia do Grafite. 

Então ...

Muito prazer:




Eu sou o Chico da Silva.

Nasci em Cruzeiro do Sul / Alto Tejo em 1910, e morri em Fortaleza em 1985.
Sou descendente de uma cearense e de um índio da Amazônia peruana, vivi até os 16 anos na comunidade do Alto-Tejo.
Em 1934 vim  para o Ceará com a família.
Fui semi-analfabeto, fiz de tudo: consertava sapatos, guarda-chuvas, fazia latinhas para lamparinas, mas sempre desenhava pelos muros da cidade com carvão e giz, era autodidata. Por isso, fui reconhecido como  pintor do estilo Naif.**
Nem imaginava  o que era isso.

** NAIF
(A arte Naif ou arte primitiva moderna é a arte produzida por artistas sem preparação acadêmica. Caracteriza-se pela simplicidade e pela falta de elementos ou qualidades presentes em artistas que tem uma formação).


Na década de 50, um pintor suíço, Jean-Pierre Chabloz, ficou impressionado com um dos meus  grafites, na praia de Pirambu. Eu costumava pintar as paredes e muros do bairro, e, antes de ficar famoso, os moradores chamavam-me de "Indiozinho débil mental". Só que o "indiozinho débil mental", foi ser discípulo de Chabloz, que o aperfeiçoou com técnicas de guache e óleo.


Logo me destaquei e comecei a expor em minha cidade, depois em outros Estados, Rio, SP, e, em 1966, recebi a Menção Honrosa na XXXII Bienal de Veneza.
Acredito que meu estilo fora único, meus desenhos surgiam de forma espontânea como involuntários impulsos da minha imaginação .
Eu fiquei conhecido nas Europas, como o Índio da técnica apuradíssima e traços autodidatas de origem inerente a visão tropical da vida na floresta.

Entretanto, minha autenticidade foi também meu maior dilema, Chabloz logo ficou insatisfeito com as minhas obras, e acabou me abandonando.

Eu, era mais um desses artistas, do mundo, uma ovelha desgarrada da arte, eu fazia minha própria arte, dentro da minha vida simples, eu queria sempre recomeçar, mas o mercado, era duro, chato, e não deixava.

Minha assinatura era algo diferente também. Eu assinava com um S ao contrário e a impressão do meu polegar junto dela.

O que puderam fazer o fizeram, se aproveitaram de mim, mas a minha visão era descomprometida com a visão comercial; meu compromisso era comigo mesmo. Eu sempre fui um boêmio e irresponsável, e isso só apressou a minha queda. Ganhei muito dinheiro e gastava muito também. Aos poucos fui perdendo o entusiasmo para pintar, e, com a morte da minha mulher, começaram as internações em hospitais psiquiátricos, para combater o alcoolismo.

Essa é a minha história.

Tão comum, nos dias de hoje, entre artistas que tentam, que sobrevivem da arte, para se ter um pouco de lucidez nessa vida.

E aí abaixo, alguns dos meus mais famosos e premiados trabalhos











Em 2010, fui homenageado pela Câmara Municipal de Fortaleza
 pelo centenário do meu nascimento.
Pra quê isso? Agora !!!

Chico da Silva, diria isso!!!!!!


... e aí vai um documentário bem interessante, 
para refletir:

Grafite e Pichação
onde começa um e termina o outro



au revoir et a bientot!

Tatiana Justel




Nenhum comentário:

Postar um comentário