São as águas de março fechando o verão....
E para encerrar o verão, faço uma homenagem ao mês da Mulher com uma grande mulher.
Não dá para falar de Callas , e não mencionar :
Música
Hoje eu queria mudar-me para o pais da musica
o pais sem fronteiras da harmonia
e da beleza inatingível...
Não queria ter pés, nem mãos, nem corpo,
apenas ouvido,
hoje eu queria ser apenas ouvido
viver por esse único sentido
e ser uma onda sonora perdida no espaço
Fundiria o mais remoto passado ao mais longinquo futuro
estaria no primeiro estalido da primeira folha que caiu
ao primeiro vento,
no primeiro rumor de peixe dentro do mar
e das primeiras asas no ar
e vibraria no choro da ultima criança que ainda vai nascer
badalada não vibrada , e ainda em silencio no gongo imóvel
Hoje eu queria ser apenas som
som sem principio e sem fim
som, som eterno, eterno som...
Devia ser bom
ser apenas som,
som no espaço eterno e indestrutível,
confundido com o primeiro movimento
que seria também o ultimo
Hoje eu queria ter ouvidos somente a Maria Callas
Timeline
Nasci em 1923, em Nova York, meu nome é Cecília Sofia Anna Maria Kalogeropoulos, sou filha de imigrantes gregos.
Faleci em 1977, ao 57 anos, sozinha em meu apartamento em Paris.
Minha vida renderia ópera de enredo tão trágico quanto o das encenadas por mim mesma , sou de origem grega e comecei nos nos palcos a partir dos anos 40.
O abandono de Onassis - a quem continuei ligada até o fim da vida foi talvez o maior dissabor que enfrentei, mas estava longe de ser o primeiro. Com minha mãe, ainda na Grécia , seria apenas o primeiro capítulo de uma saga de decepções e brigas, que enfrentei..
Mesmo no auge vocal, vivido na Europa nos anos 50, eu me desentendia com meus colegas e diretores por conta do meu temperamento forte.
C'est ma vie.
Medea
É um filme ítalo-franco - germânico lançado no ano de 1969, dirigido por Pier Paolo Pasolini e estrelado por Maria Callas. (no filme , Medea, interpretado por Callas, a soprano não canta, uma só vez)
Medeia é uma personagem da mitologia grega, descrita extensivamente na peça Medea, de Eurípedes e no mito de Jasão e os Argonautas. Medeia era uma mortal filha do rei da Cólquida, e neta do deus do sol Helio. Em diversos mitos Medeia é descrita como uma feiticeira, muitas vezes ligada à deusa Hécate (deusa da bruxaria e das encruzilhadas).
La Opera
Maria Callas Opera Arias : La Traviata, Norma, Madama Butterfly, Lucia di Lammermoor & many others
a maior soprano de todos os tempos
O talento permitiu que as belas obras do bel-canto do século 19 ressurgissem como a Norma de Bellini e outras que não haviam sido levadas à cena fazia décadas. Em 1954, a “Divina Callas" fez sua estreia em palcos de seu país natal em Chicago, no papel de Norma, uma performance que ela repetiu diante de uma platéia recorde no Metropolitan Opera House de Nova York.
Contudo, Callas era uma artista fulgurante. Nada em sua biografia se compara ao poder de fascínio de sua voz. A gravação da mais famosa apresentação de Norma, de Vincenzo Bellini (1801-1835), com a orquestra do Scala e regida pelo maestro Tullio Serafin, é um ícone da história da ópera pela emoção e dramaticidade. Norma foi o papel que Callas mais representou: 92 vezes. A ópera toda – mas principalmente a ária Casta Diva – consolidou sua reputação.
Quebra de padrões
Depoimento de Viscontti à Maria Callas
Inspirada pela condução de Serafin, Maria subverteu as regras até então aceitas no canto lírico e ousou desconstruir a exagerada especialização. Os sopranos, em sua época, estavam subdivididos em dramático, mezzo, coloratura, liggero e spinto. Contrariando tudo em que se acreditava, cantou na mesma semana Tristão e Isolda, de Richard Wagner, Turandot, de Giaccomo Puccini, e voltou a Wagner no papel de Brunnhilde.
Décadas depois, em uma das famosas master classes que Callas deu na Juilliard School of Music em Nova York, em 1971-72, ela sentenciou: "Hoje só se fala em baixo profundo, baixo cantante, barítono-baixo ou soprano ligeiro, soprano spinto, soprano disso, soprano daquilo. A cantora é soprano, e basta! Um instrumentista faz os baixos e agudos. Do mesmo modo, um cantor deve cantar em todas as tessituras".
A interpretação de Tosca, de Giacomo Puccini (1858-1924), também entrou para a história, principalmente na apresentação que fez no Scala sob a regência de Victor de Sabata. Floria Tosca foi representada 39 vezes por Callas, mas nada se compara com a majestosa apresentação de 1953, em que Maria contracena com dois outros cantores respeitáveis: o tenor Di Stefano e o baixo Tito Gobbi.
"(...)Ou se nasce artista ou então não se é. E continua-se a ser artista, sempre, mesmo que a voz seja menos que um fogacho. O artista está sempre lá(...) Maria callas.
au revoir et a bientot
Tatiana Justel