FLORBELA ESPANCA E CAMILLE CLAUDEL
Quando comecei a pensar sobre a postagem de hoje me veio em mente duas mulheres que admiro muito e percebi várias semelhanças entre elas. Florbela foi uma poetisa muito à frente da sua época, e Camille superou seu mestre- amante, e se tornou referência para a escultura.
Camille Claudel, nasceu em 8 de dezembro de 1864, em Paris. Desde sua infância já produzia esculturas com ossos e esqueletos, seu sonho era ser uma escultora de sucesso, mas teve a vida atormentada pela sua mãe que nunca aceitou sua arte. Teve como mestre ninguem menos que Auguste Rodin, por quem se apaixonou loucamente; às vezes suas obras eram tão semelhantes que os criticos da época se confundiam, não sabiam quem era mestre e aprendiz. O caso de amor se tornou ardente, e ai começa a grande trama entre os dois, Camille descobrira os casos amorosos de Rodin e entra em uma depressão sem fim.
A paranoia e a loucura não a impediram de produzir, mas a levara para um mundo sem volta.Em uma de suas crises, totalmente agressiva e violenta Camille foi internada em um manicômio em Ville Evrad e morre aos 79 anos, em 1943 ,sozinha em estado deplorável.
O Filme Camille Claudel foi lançado em Paris em 1988, tem como a atriz Isabelle Adjani e Gerard Depardieu como Rodin o filme é fascinante, recomendo!!!!!!!
AGEMUR
La Vague de Camille Claudel
FLORBELA ESPANCA ,nasceu em Vila Viçosa (Portugal), em 1894. Os casamentos falhos, as desilusões amorosas e a morte de seu irmão Apeles Espanca, marcaram profundamente sua obra e sua vida.Sua poesia é decorrência de sofrimento, solidão, dor, desencanto e morte, mas eram misturados com sua ternura e um desejo de plenitude e paz.
Sua linguagem tem uma marca pessoal centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico. Florbela não se ligou a nenhum movimento literário, esta mais perto do neo-romantismo, com influências de Camôes e Antero de Quental.
Essa mulher antes de mais nada cultivou exarcebamente a paixão. Florbela morreu apenas com 36 anos, em 1930. Mas deixou para nós um grande acervo de poesias , das mais belas são de Florbela!
EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,
e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que
Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Lagrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Fumo
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
O nosso mundo
Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
.Que importa o mundo seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor?...
As nossas bocas juntas!...
(Florbela Espanca)
A arte, a paixão e a loucura.
Quando olho essas fotos acima vejo em ambos os olhos uma profunda tristeza, como duas aves esquivas e lascivas, percebo mil sacrificios, e muitas concessões, rejeição, auto-punição, comiseração, desprezo.
Amor.
No entanto a genialidade de cada uma é unica, singular, encontravam na arte a sua porta para fantasia.
Ousadas, entregaram suas almas, na liricas espirais dos poemas de Florbela Espanca e nas formas e linhas perfeitas de Camille Claudel. Tudo pelo amor!
Tudo pela arte!
au revoir
et a bientot
Tatiana Justel
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